Frase

“Porque o evangelho não é uma doutrina de língua, mas de vida”.
[João Calvino, As Institutas – edição Especial, Vol IV, pg 181, Ed Cep,]

segunda-feira, 21 de junho de 2010

A REFORMA CALVINISTA

A VIDA DE JOÃO CALVINO






  1. PRELIMINARES

Conquanto se considere a Reforma Calvinista a continuação do Zwinglianismo e o meio caminho entre este e o Luteranismo, contudo ela continha muitos ele­mentos novos, pelo que se pode considerá-la sob o pris­ma de movimento original. Ainda que, às vezes, tão intolerante como os seus predecessores, o Calvinismo era mais lógico, mais bíblico, e mais missionário. O seu fervor religioso e rigor moral passaram muito além dos do Luteranismo e do Zwinglianismo. Somente o Cal­vinismo conseguiu manter disciplina eclesiástica. En­quanto os três movimentos reformadores se ligaram ao governo civil, o método empregado diferenciava. Lutero e Zwínglio não hesitaram em prosseguir a sua re­forma em subserviência às autoridades civis; Calvino sustentou que o Estado devia ser subserviente à Igreja nas coisas espirituais.

Convém notar, que estas diferenças se deviam tan­to às circunstâncias quanto à superioridade mental e moral de Calvino. A situação política e geográfica de Genebra era mais favorável do que a de Wittemberg e Zurique, ainda que somente Calvino pudesse tê-la apro­veitado. Sendo personalidade importante reunia ele em si, zelo moral, erudição aprimorada, concentração ana­lítica, e capacidade administrativa acima de qualquer outro reformador da época. Chamaram-no "a inteli­gência (the master mind) da Reforma" (1).

De certo pode-se chamar-lhe o logístico, senão o teólogo da Re­forma.

Genebra, o pequeno cantão francês da Suíça, que, depois da morte de Zwínglio, eclipsava Zurique como centro da Reforma, estava quase desligada da federa­ção. Por séculos tinha havido conflito entre o bispo da diocese e os duques de Saboia, cada qual reclamando a jurisdição sobre os negócios civis. Em 1513 o Papa, Leão X, habilmente pôs termo ao conflito, nomeando para o bispado de Genebra um bispo que pertencia à casa de Saboia. O novo partido autocrático logo se cho­cou com os habitantes da cidade que, desde o século quinze, vinha adquirindo gradualmente o direito de se governar a si própria. Com a pretensão de constituir a cidade em república livre, o partido do povo aliou-se com os cantões de Berna e de Freiburgo. Este, sendo católico, mais tarde retirou-se da aliança e fez causa comum com o duque de Saboia e o clero contra Gene­bra. Sendo repelidos a porta ficou aberta à Reforma. Foi durante esta luta política que Farel, pregador fran­cês, vindo de Berna, fixou residência em Genebra.








  1. GUILHERME FAREL

Guilherme Farel, que foi "o pioneiro do Protestantismo no oeste da Suíça," e "o Elias da Reforma da França," era homem de certo preparo, tendo estudado grego e hebraico com Faber Stapulensis e feito um curso na Universidade de Paris. Era orador eloqüente e po­lemista apaixonado.

Pregava as doutrinas reformadas com energia e convicção. Por causa da sua violência e impetuosidade, foi expulso da sua terra natal e de ou­tros lugares.

Mas, por onde andava, ia plantando as sementes da Reforma e abrindo o caminho para outros obreiros menos violentos. Nesse tempo a licenciosidade reinava na cidade de Genebra.

A erudição do período da Renascença havia penetrado na cidade, assim como a devassidão italiana. O partido aristocrático tinha-se tornado notório pela sua má vida. O palácio do bispo e o castelo cio duque da Saboia eram teatro dos mais imprudentes excessos, e estes maus exemplos tinham corrompido muito a gen­te da cidade. O clero seguia o exemplo do seu superior, e consta que havia apenas uma casa religiosa, o convento das freiras franciscanas, em que se observava uma certa pureza de vida. Os re­publicanos não eram isentos dos vícios que desonravam os seus adversários; o seu entusiasmo republicano tinha em muitos casos uma origem paga. Eram filhos da Renascença, e possuíam todos os defeitos desse estranho movimento. A cidade estava cheia de ceticismo, licenciosidade e superstição. As indulgências do papa tiveram sempre muito boa venda em Genebra. (2)

Os sermões violentos e impetuosos de Farel contra esse estado de coisas e contra o "Anti-Cristo romano" e "a idolatria e superstição da Igreja Romana," incita­ram a oposição dos burgueses, resultando na expulsão do reformador. Sua ausência, porém, foi de poucos me­ses. Na sua volta foi nomeado pastor de uma das igre­jas mais importantes de Genebra. Depois da derrota do duque de Saboia e seus aliados, o conselho munici­pal aboliu a diocese e concedeu a Farel plena liberda­de para pregar, e os seus sermões sobre a liberdade ci­vil e religiosa foram entusiàsticamente aplaudidos pelo povo.

O partido republicano não era, nesse tempo, aber­tamente protestante.

Liberdade civil e religiosa, e não a religião reformada foi o alvo do seu esforço heróico e patriótico. A descontinuação da autoridade episcopal e o desprezo geral manifestado ao Papa, porém, abri­ram caminho à propaganda evangélica, e Gilherme Farel e Paul Viret não tardaram em aproveitar a oportu­nidade. O elemento anti-clerical foi superficialmente organizado em comunidade evangélica.

O povo de Genebra, impetuoso e desordenado, que não sabia conter-se, nem compreendia que as coisas tinham de ser feitas devagar e com a devida legalidade, precipitou-se, depois da po­lêmica (entre os reformadores e a Igreja Católica) para as igre­jas, destruiu as relíquias, derrubou as imagens, rasgou os para­mentos, e cometeu muitos outros atos de violência. Em 27 de agosto o conselho declarou abolido o Catolicismo Romano, e or­denou a todos os cidadãos que adotassem a religião reformada. A conversão forçada de uma cidade inteira por mandato do con­selho municipal, suprema autoridade civil, não podia, de certo, melhorar o caráter do povo. Havia, sem dúvida, muita gente sobre quem a pregação de Farol produzira bom efeito, mas o evangelho não pode conquistar os corações quando é imposto daquela forma. O estado moral da cidade era tão mau como no tempo do bispo, e tudo indicava uma mudança para pior. Uns certos entusiastas devassos começaram a apregoar doutrinas fal­sas e imorais acerca da natureza da liberdade cristã. Parecia não haver meio de suster o povo. Farel tinha esgotado os recursos da sua inteligência. Por fim teve mão num moço estudante fran­cês que, quase acidentalmente, se encontrava na cidade, e supli­cou-lhe que se conservasse junto dele e o auxiliasse. Esse moço estudante era João Calvino, e aquela visita casual foi o início de Calvino em Genebra, tão importante para todas as igrejas refor­madas da Europa. (3)

Farel mesmo reconhecia a sua falta de serenidade, moderação e discrição necessárias a um administra­dor, e de bom grado cedeu à liderança da Reforma em Genebra a Calvino e se contentou em ser-lhe auxi­liar. Calvino, nesse tempo, tinha apenas vinte e seis anos e Farel quarenta e sete. Mas, não obstante a di­ferença das idades, tornaram-se bons amigos e fiéis colaboradores. "Tínhamos um coração e uma alma" diz Calvino.

III. JOÃO CALVINO

1. Nascimento, mocidade e educação.

A Reforma se havia estabelecido firmemente na Alemanha antes de aparecer um líder reconhecido en­tre as nações latinas. Este líder apareceu na pessoa de João Calvino, cuja influência estava destinada a esten­der-se muito além dos limites das nações latinas e cujo nome através dos tempos ocuparia uma posição tão alta quanto à de Lutero.

Nasceu João Calvino aos 10 de julho de 1509 — ano em que Henrique VIII ascendeu ao trono britânico e em que Lutero começou a pregar em Wittemberg — na cidade de Noyon em Picardia, cerca de cento e qua­renta quilômetros a nordeste de Paris. Era o segundo filho de uma família de quatro filhos e duas filhas. Seu pai, Geraldo Chauvin (1), em virtude das altas posi­ções que ocupava como secretário do bispo de Noyon, advogado do cabido e procurador-fiscal do condado, mantinha boas relações com as famílias nobres e o cle­ro da região, ainda que originário de família humilde.

Sua mãe, Joana Le Franc de Cambrai, era senhora re­conhecida pela sua beleza, religiosidade e devoção à família.

Pela morte prematura de sua mãe, foi João inter­nado na casa da nobre família de Montmor, onde re­cebeu ao lado dos filhos nobres a educação clássica e adquiriu maneiras polidas e certo ar aristocrático. Ten­do sido destinado pelo pai, desde os primeiros anos, à carreira eclesiástica, João, aos catorze anos de idade, acompanhou os rapazes nobres aos colégios de La Mar­che e Montaigu em Paris. Graças à influência do pai, gozou ele de certos benefícios eclesiásticos desde os doze aos vinte anos.

Como estudante Calvino ultrapassou os companhei­ros. Era de estatura baixa, feição pálida, organismo delicado, olhar brilhante, e caráter firme.

Dizem que seus condiscípulos lhe puseram a alcunha de "caso acu­sativo," por estar sempre a censurar-lhes as faltas. Co­mo os demais normandos, combinava em si a firmeza c profundidade do alemão e a vivacidade, bom senso c predileção pela lógica do francês. Era tímido, irritável e austero.

Tinha grande capacidade organizadora e a inflexibilidade e intolerância de um ditador.

Aos quinze anos de idade, graças à sua inteligên­cia e aos hábitos estudiosos, Calvino pôde matricular-se na Universidade de Paris onde começou o seu pre­paro para o sacerdócio. Sua predileção, porém, era mais pelos clássicos do que pela teologia.

Por causa de uma desinteligência com o bispo, por parte do pai, o jovem estudante foi transferido, em 1528, de Paris para Orleans, onde iniciou o estudo de direito. Aí, pelo esforço extraordinário, conseguiu, com igual êxito, cursar tanto na faculdade de jurisprudên­cia como na de teologia, e mais tarde estudou na Uni­versidade de Bourges.

2. Conversão e primeiros trabalhos evangélicos.

Nicolau Cop, no dia de Todos os Santos, 1 de no­vembro de 1533, por ocasião de sua posse de reitor da Universidade de Paris, fez, perante uma grande assem­bléia, na igreja dos Maturinos, um discurso tão aber­tamente protestante que a indignação geral o forçou a fugir da cidade. A súbita partida de Calvino na mes­ma ocasião tem levado alguns historiadores a presu­mir que foi êle quem escreveu o discurso do reitor. E' bem provável que o jovem estudante tivesse colaborado no seu preparo, porém não muito plausível que fosse o autor do mesmo. Que, diante da forte agitação anti-evangélica, Calvino julgou prudente retirar-se de Paris mesmo sem a suposição de que participou no pre­paro do discurso, é compreensível.

Voltando a Noyon em maio do ano seguinte, Cal­vino voluntariamente desistiu dos benefícios eclesiás­ticos, sendo preso como apóstata da fé. Solto, foi êle a Angoulème, onde se colocou sob a proteção da nobre rainha Margarida de Navarra, irmã do rei Francisco I, e amiga sincera dos protestantes. Ai teve Calvino aces­so à rica biblioteca do Cônego Luis du Tillet. Foi nesse tempo que visitou Nerac, onde se encontrou com Faber Stapulensis, reformador humanista, e Poitiers, onde che­gou a conhecer Pierre de la Place, admirador aberto do ensino evangélico.

Ainda que no prefácio do seu comentário sobre os Livros dos Salmos, Calvino nos informe de que a sua conversão foi súbita, contudo não nos diz em parte al­guma o tempo nem o lugar em que ela se verificou. Muitas foram às influências evangélicas que o cerca­ram nesses anos plásticos. Êle mesmo confessa que foi a sua reverência pela Igreja Católica que impediu a sua aceitação do evangelho. Anos depois do seu rom­pimento com o Catolicismo, escreveu ao Cardial Sadoleto: "Ofendido pela sua (o ensino do evangelho) novidade, eu o resistia forte e animosamente." Não achando satisfação no ensino e na prática da Igreja Ca­tólica, depois de estudo sério e prolongado da Bíblia, êle de súbito, provavelmente nos começos de 1534, ren­deu-se à verdade a que tão obstinadamente resistira e instantaneamente achou nela completa satisfação, co­mo tantos outros antes e depois dele têm experimenta­do. Daí por diante sua divisa foi: A fé adere ao conhe­cimento de Deus e de Cristo e não a reverência à Igre­ja: “Nas Instituías (5), que provavelmente começou a escrever em Angoulême nesse tempo, Calvino amplia essa sua doutrina fundamental. "A fé," diz êle, reside não na ignorância, mas no conhecimento, o conheci­mento não somente de Deus, porém da vontade divina. Pois não alcançamos a salvação por aceitar as verdades prescritas pela Igreja; mas sim quando reconhecemos que Deus, o Pai, é propício a nós na reconciliação que Êle fez em Cristo, e que Cristo nos tem sido dado como justiça e vida”. (6)

Depois de uma breve demora em Paris, durante o verão ou no princípio do outono de 1534, Calvino foi obrigado a fugir outra vez. Esta perseguição foi pro­vocada por um protestante por nome de Feret, que afi­xou em todas as praças, nos muros, nas casas particu­lares e igrejas, cartazes encimados, pelo título: "Arti­gos verdadeiros sobre os grandes, intoleráveis e horrí­veis abusos da missa papal, que se acha em direta opo­sição à Santa Ceia do Senhor Jesus Cristo, nosso único Mediador e Salvador" (7).

Muitos foram lançados na prisão, sendo seis lute­ranos horrivelmente torturados e queimados em 29 de janeiro de 1535. Antes de 5 de maio vinte e quatro mor­reram na fogueira por causa da sua fé, e muitos outros sofreram física e financeiramente. Diz G. de Felice:

Aos que se mostraram mais firmes já se tinha de antemão cortado a língua, afim de evitar que uma palavra de fé ou uma oração saindo do meio das chamas viesse perturbar a consciên­cia dos carrascos. Esses pobres homens tinham sido suspensos a uma forca móvel, que, elevando-se e abaixando-se alternativa­mente, os metia na fogueira e os retirava em seguida até que ficassem inteiramente consumidos. Era esse o chamado suplício da estrada. O cruel imperador de Roma, que desejava que suas vítimas se sentissem morrer, não se tinha lembrado de coisa semelhante e a inquisição de Espanha concedia aos sarracenos e aos judeus o favor de serem queimados mais depressa. (8)

O rei de França, Francisco I, precisando do auxí­lio dos protestantes da Alemanha contra o imperador Carlos V, e achando-se em apuros para justificar a ra­zão de ser da perseguição aos protestantes franceses, ao mesmo tempo que protegia os protestantes alemães, publicou uma carta em fevereiro de 1535, atribuindo falsamente aos protestantes franceses fins anarquistas que nenhum governo podia tolerar no seu meio. Fo­ram essas calúnias propagadas pelo rei e pelos eclesi­ásticos, que apressaram a publicação, por Calvino, das suas Institutas, escritas em latim e mais tarde em fran­cês.

Calvino e Du Tiller, escapando ao furor dessa per­seguição, foram a Estrasburgo, onde se hospedaram na casa de Bucer. Em Janeiro de 1535, Calvino mudou-se para Basiléia, onde ficou até março do ano seguinte, quando saiu do prelo As Institutas da Religião Cristã, em formato abreviado.

Ao mesmo tempo que esta obra prima, mais tarde aumentada e melhorada, saída da pena de um jovem de vinte e seis anos de idade, ten­tava apresentar o Protestantismo tal qual era à corte francesa, com o fim de alcançar tolerância para os evan­gélicos na França e objetivava também servir de com­pêndio para os estudantes de teologia.

O biógrafo luta com dificuldades para decidir em qual das esferas — como homem de letras, polemista, pregador, instrutor, organizador ou administrador -— Calvino mais se destacou, pois foi gigantesco em todas. De certo, porém, não será fora de verdade dizer que, dando êle à Reforma um sistema teológico por escrito, foi quem a consolidou. Foi êle que deu "corpo às idéias" da Reforma e "expressão à Fé" (9). A polêmica ocu­pa lugar importante na guerra contra o erro, mas não deixa de ser arma defensiva.

Para firmar uma causa é preciso empregar também a arma construtiva. Foi o que Calvino fez, com perícia, nas edições sucessivas das Institutas. E' por isso que o já citado autor, M. Buisson, crítico que não pode ser classificado de baju­lador de Calvino e da sua obra, é forçado a confessar:

Tal obra (as Institutas) é igualmente diferenciada dos pan­fletos de Ulrich von Húton. das sátiras de Erasmo e dos ser­mões populares, místicos e violentos de Lutero; é obra de teolo­gia no sentido mais aprimorado, obra inegavelmente religiosa, repassada de inspiração, mas sobretudo, obra de organização, có­digo doutrinai para o ministro: arsenal de argumentos para o simples crente: a suma do Cristianismo reformado.(10)

Deixando Basiléia, Calvino fez uma ligeira visita à Itália onde passou alguns dias na corte de Ferrara, com o fim de solicitar a intervenção da bondosa patrícia, a duquesa Renée, em prol dos protestantes perseguidos na França.

Renée era a filha de Luis XII da França e Ana de Bretanha, e cunhada do então rei da França, e teria reinado em lugar dele se não fora, aquele tempo, a lei sálica, que excluía do trono os herdeiros do sexo feminino. A duquesa era admiradora da Refor­ma e sua corte serviu de refúgio a muitos humanistas e protestantes ilustres. Ficou ela tão impressionada com Calvino que dele fez seu conselheiro espiritual para o resto da vida, mas nunca interveio na perseguição.

Achando impraticável continuar sua obra evangé­lica na sua terra natal, Calvino decidiu-se a fixar resi­dência na Alemanha. Foi de passagem por Genebra, em caminho para a Alemanha, que Farel conseguiu convencê-lo a ficar naquela cidade.

No princípio, Calvino recusou o convite de Farel de estabelecer-se em Genebra e assumir o cargo de chefe da igreja protestante/que se havia organizado ali, alegando que era demasiado jovem, com falta de ex­periência, tímido por natureza, e que desejava retirar-se para um lugar afastado para continuar tranqüila­mente os estudos. Suas razões, porém, só serviram pa­ra confirmar a opinião de Farel de que Calvino devia permanecer em Genebra, e respondeu-lhe asperamen­te: "Ao contrário do teu pretexto de que tens que estudar, digo-te que a maldição divina pesará sobre tua cabeça se te negares a ajudar nesta obra santa quando pensas mais em ti mesmo do que no Senhor Jesus Cris­to." Essa ameaça teve mais efeito do que as súplicas. Era propósito de Calvino passar apenas uma hora na casa de Farel, mas diante dessa acusação, aceitou a hospitalidade do amigo e passou vários dias com êle, e, por fim, com uma curta interrupção, passou o resto de sua vida naquela cidade.

O conhecimento daqueles dois reformadores converteu-se numa dessas amizades íntimas que têm sido tão comuns entre os cristãos, especialmente nos períodos de sofrimentos e angús­tias. (11)

Dentro de pouco tempo, Calvino era o líder reco­nhecido dos protestantes suíços. Até o fim da vida de­dicou toda a sua energia à pregação, ao ensino, em es­crever, e na execução dum sistema rigoroso de disci­plina.

3. Primeira estada de Calvino em Genebra, 1536-1538

Depois de ligeira visita a Basiléia, Calvino voltou a Genebra onde fixou residência em agosto de 1536. A cidade, nesse tempo, não passava de doze a quinze mil habitantes.

Começou fazendo preleções sobre a Bíblia, e só um ano depois foi nomeado pregador. Sua primeira tarefa foi reorganizar o sistema educacional e religioso do município. Reconheceu que os três passos mais ur­gentes seriam: Primeiro, a instrução religiosa do povo; segundo, esclarecimento das doutrinas da igreja; e ter­ceiro, uma disciplina rigorosa. Com o fim de preencher as três lacunas, Calvino instituiu uma série de sermões doutrinários, publicou uma breve confissão de fé e for­mulou as ordenanças, uma nova constituição eclesiás­tica. Apresentadas essas medidas ao conselho munici­pal, foram aprovadas com ligeiras emendas.

A Ceia do Senhor, celebrada mensalmente, e que seria laço de união, logo se tornou o pomo de discór­dia. A ceia seria administrada somente ás pessoas cu­ia vida concordasse com a sua profissão cristã. E com o objetivo de fiscalizar a conduta do povo, o governo devia nomear, em cada bairro do município pessoas que, junto com os ministros, dessem parte dos indig­nos, para os fins de disciplina, até o ponto de excomu­nhão.

Foi esta a primeira tentativa de Calvino de fazer de Genebra uma comunidade modelo, e de afirmar a independência da igre­ja na sua esfera. (12)

O ideal de Calvino era o Estado cristão, nos pormenores como no conjunto das leis, responsáveis perante Deus por todos os atos dos cidadãos. Equivalia, pois ao Estado-Igreja, regulando o exercício prático da fé, forçando o crente, em virtude da fé co­letiva, a praticar o que deveria fazer movido pela fé individual. — O erro de Calvino era o erro do seu século em recorrer à au­toridade civil para reforçar a disciplina eclesiástica. (13)

Nem o povo nem o conselho, que votou as medi­das, estava preparado para tais exigências, e não via com bons olhos a suposta presunção dos forasteiros — Calvino e Farel — de impor a Igreja sobre o Estado.

Para muitos genebrinos que tinham lutado por anos em prol da liberdade civil e religiosa, ficar então su­jeitos ao jugo de uma teocracia, era coisa repugnante. Em setembro de 1537, a todos quantos não tinham ju­rado fidelidade à nova confissão de fé, foi dada outra oportunidade para fazê-lo, e, em caso contrário, seriam banidos do município. Em 12 de novembro, como mui­tos ainda não tivessem feito o juramento, o pequeno conselho decretou a sua expulsão. 0 grande conselho sustentou o decreto dois dias depois. Esse ato gover­namental precipitou a crise.

Nas eleições de fevereiro de 1538 os liberais obti­veram maioria no conselho municipal e o novo conse­lho se esforçou para estabelecer uma forma um pouco mais moderada de Protestantismo, semelhante à de Berna. Calvino denunciou o conselho como do diabo e recusou reconhecer a sua autoridade.

Em 12 de mar­ço o conselho proibiu os ministros de se meterem na política.

Daí por diante os pregadores foram tratados com desprezo. O elemento perverso da cidade apro­veitou a oportunidade para humilhar e menosprezar os reformadores e o evangelho. Mascarados, parodi­ando cenas do evangelho, acompanhados de danças e canções imorais, passeavam pelas ruas e paravam nas portas dos pregadores. Rumores de um plano de rom­per a aliança com Berna e de colocar Genebra sob a direção da França, provocaram grande agitação no con­selho. As sessões de 2 a 12 de março foram turbulen­tas. Em 11 de março, sob pressão dos emissários berneses, o conselho votou a adoção do sistema eclesiás­tico de Berna em substituição ao de Calvino e Farel. Os berneses usavam de pão sem fermento na comu­nhão, quando Calvino e Farel empregavam o pão ordinário; conservavam os batistérios nas igrejas, que estes tinham abolido, e a observância de quatro festi­vidades — a Encarnação, o Natal, a Circuncisão e a Ascensão — quando em Genebra havia apenas a ob­servância do dia de domingo.

A pedido do conselho bernês, Calvino e Farel fo­ram enviados ao sínodo que se reuniu em 28 de março a 4 de abril. O sínodo foi abertamente influenciado pelo governo bernês, que quis impor a Genebra o seu regime eclesiástico, o qual nem os berneses nem os re­formadores de Genebra consideraram questão de cons­ciência nem imposto ou proibido pelas Escrituras, mas que então não podia ser aceito por estes, sem a perda da sua dignidade e do seu prestígio. Se os berneses ti­vessem sido mais conciliatórios, poderiam ter evitado a catástrofe de Genebra. Ressentindo-se, porém, da obstinação de Calvino e de Farel, e da sua aparente oposição à ascendência bernesa, o sínodo deu apoio aos liberais de Genebra.

Voltando a Genebra, os reformadores com outros pastores da cidade, recusaram-se obedecer à ordem do conselho municipal de celebrar a ceia à moda dos ber­neses e não a concederam aos cidadãos cujas vidas es­tavam em plena contradição com o ensino evangélico. Em represália, o conselho, que estava sempre pronto a votar leis restritivas à vida dissoluta, proibiu que os ministros pregassem. Estes, não se submetendo a tal ordem, no domingo da Páscoa de 21 de abril, pregaram a grandes auditórios, Farel na igreja de S. Gervásio e Calvino na de S. Pedro, recusando-se, porém, a cele­brar a ceia, alegando para isso o estado espiritual das comungantes e ser "dia festivo papista." Grande foi o alvoroço. Até espadas saíram das bainhas.

No dia seguinte o conselho municipal decretou o banimento dos reformadores.

O que, na realidade, os (membros do conselho) predispunham contra Calvino e Farel era a suposição em que estavam de que eles pretendiam estabelecer um novo papado; os magistrados desejavam conservar nas suas mãos, não só a administração civil como a disciplina da Igreja. O resultado de tudo isto foi Calvi­no e Farel serem expulsos, não pelos papistas, mas por aqueles que ali tinham contribuído para o avanço da Reforma. (15)

4. No exílio

Ainda que, para Calvino, o seu aparente insucesso em Genebra fosse um grande desapontamento, contudo os três anos e meses de exílio tornaram-se-lhe muito úteis. Foi plano seu fixar residência em Basiléia e de­dicar o resto da vida aos trabalhos literários, mas Brucer conseguiu que êle aceitasse o lugar de pastor dos franceses exilados em Estrasburgo. Nesta cidade Calvino chegou a conhecer pessoalmente escolásticos, hu­manistas, luteranos, zwinglianos e radicais eminentes. Do contacto com cada grupo tirou êle proveito que lhe serviu bastante nos anos subseqüentes.

Dois anos antes da sua chegada a Estrasburgo, João Sturn, um dos mais notáveis pedagogos do seu tempo, tinha fundado o Ginásio de Estrasburgo, a escola clás­sica de mais renome na Alemanha. Calvino lecionou neste ginásio e chegou a conhecer intimamente tanto o célebre pedagogo como a sua pedagogia. Foi tam­bém aqui que Calvino conheceu Jacó Sturn, o grande estadista. Porém, a mais preciosa e útil de todas as re­lações foi a que manteve com o teólogo Brucer, que ocu­pava posição intermediária entre Lutero e Zwínglio quanto às doutrinas e à organização da igreja. Brucer já havia organizado institutos para os pastores, intro­duzido nas igrejas uma disciplina rigorosa, orientado as caridades, procurado levar os governos civil e reli­gioso a uma cooperação mútua, introduzido na igreja uma liturgia simples, e adaptado o cântico congregacional. Calvino pôs em prática, na sua pequena con­gregação de Estrasburgo algumas dessas idéias. Ficou especialmente impressionado com a organização da igreja e o sistema de doutrina de Brucer, que prepa­raram o caminho para o Anglicanismo, o Puritanismo e o Pietismo. Também, durante a sua residência em Estrasburgo, Calvino teve a oportunidade de assistir a importantes conferências católicas e protestantes em Francfort, Hagenau, Worms, e Regensburgo. Nessas ocasiões ficou conhecendo os mais eminentes teólogos alemães luteranos e conquistou a simpatia e a confi­ança deles, subscrevendo, voluntariamente, à confis­são de Augsburgo. Foi também nesse tempo que for­mou amizade íntima e durável com Melanchthon e con­quistou a estima de Lutero. Foi ainda em Estrasbusgo que Calvino, em setembro de 1540, casou com ÍdeletLe de Bure, viúva de João Storder, de quem teve três fi­lhos que morreram na infância. Foi também em Es­trasburgo que tirou a segunda edição latina das Institutas, publicou o comentário sobre a epístola aos Ro­manos, e editou o tratado sobre a ceia do Senhor.

Farel aceitou o pastorado de Neuchatel onde de­correu grande parte do seu ministério, falecendo aos setenta e seis anos de idade, em 1565, um ano depois da morte de Calvino.

5. Genebra na ausência de Calvino

Depois da partida de Calvino e Farel de Genebra, o espírito turbulento, que provocara o seu banimento, aumentou ao invés de diminuir. Os novos ministros, que os substituíram, eram demasiadamente fracos e completamente subservientes ao conselho municipal. Os partidários dos reformadores tratavam-nos com des­prezo e se recusavam a assistir aos cultos.

Em março de 1539, os emissários de Genebra en­viados a Berna para finalizar as questões que existiam entre os dois cantões, capitularam vergonhosamente, renunciando toda a independência civil e religiosa e submetendo os genebreses à soberania dos berneses. Mas, ao invés de melhorar a situação, como se espera­va, as desordens sociais e a anarquia política agrava­ram-se.

Aproveitando este estado de coisas os católicos ro­manos, de que ainda havia bom número em Genebra, Sendo à frente o cardeal Sodoleto, trabalharam para subjugar novamente o município ao papismo. O car­deal escreveu uma hábil e amigável carta aos genebre­ses, na qual procurou mostrar a superioridade do Ca­tolicismo sobre o Protestantismo e culpar os reforma­dores da situação em que a cidade se achava. Concluiu a carta apelando ao povo e ao governo para voltarem à velha fé. Não se sentindo os novos ministros capa­zes de responder à carta insinuante do cardeal, os ami­gos de Calvino fizeram-lhe um apelo pedindo para res­pondê-la. Êle não se fez de rogado. Pondo de parte os ressentimentos contra Genebra, no espaço de seis dias respondeu a Sadoleto com tal clareza e incisão, que o destro diplomata ficou sem argumentos para treplicar.

A cessão aos berneses dos direitos do cantão pelo conselho de Genebra, e a necessidade de apelar para o exilado afim de defender a cidade contra a agres­são católica, enfraqueceram grandemente a força dos inimigos de Calvino e Farel e aumentaram extraordi­nariamente a dos seus amigos. Os responsáveis pela traição da liberdade do município, foram banidos pelo espaço de cento e um anos. Jean Filipe, o chefe do partido liberal, foi decapitado. Dois dos novos minis­tros acharam por bem retirar-se da cidade.

6. A volta e a segunda estada de Calvino em Genebra

Tendo o partido de Calvino voltado ao poder, o conselho mandou um emissário a Estrasburgo convidando-o a regressar a Genebra. Ele hesitou, escrevendo a um amigo que não havia localidade que o aterrori­zasse tanto como Genebra. Finalmente, diante de um novo emissário, acedeu.

Os magistrados ofereceram-lhe para moradia uma casa com jardim, situada nas proximidades da suntuosa igreja, nomearam-no ministro o professor de teologia, e fixaram-lhe um estipêndio anual de quinhentos florins, doze medidas de trigo, e duas cubas de vinho. Além disso, prometeram que na Igreja de Genebra se­ria posta em vigor a disciplina eclesiástica, pois que Calvino ha­via insistido nesse ponto. A convivência que tivera com os lu­teranos ainda o tornara mais cuidadoso em manter o direito que à Igreja assiste de velar pela sua pureza. Voltou triunfante a Ge­nebra, e foi recebido com as mais extravagantes manifestações de regozijo. Foi mais uma vez desapontado no seu grande desejo de uma tranqüila vida literária, e durante o resto dos seus dias teve de dedicar-se inteiramente à causa pública.

Depois disso nunca mais saiu de Genebra, de que foi, segun­do dizem, durante vinte e quatro anos o senhor. Os historiadores têm-no comparado a individualidades de índole muitíssimo di­ferentes. Segundo uns, foi o Licurgo de Genebra; segundo outros, um ditador romano, ou um novo Hildebrando, ou um Califa mu­çulmano. O que é certo é que fêz uma grande obra, e passou a vida numa incessante atividade, apesar de estar quase sempre doente, sofrendo muito de dores de cabeça e de asma.

Pregava umas poucas de vezes por semana, e todos os dias dava aula. Escreveu comentários sobre todos os livros da Bí­blia, compôs tratados teológicos, e tinha que atender a uma imen­sa correspondência. Era êle quem dirigia a Igreja reformada em toda a Europa, e, segundo a idéia de muitas pessoas, era, por assim dizer, onipotente em Genebra, tendo sido atribuídos à sua influência tanto os bons como os maus resultados da chamada teocracia genebresa.

E' inquestionável que durante o seu governo em Genebra o caráter da cidade mudou inteiramente. Tendo sido a mais frívola e mais devassa de todas as cidades européias, tornou-se o berço do Puritanismo, tanto francês, como holandês, inglês, como escoceses. As danças e as mascaradas passaram a ser coisas desco­nhecidas; as tabernas e o teatro estavam sempre às moscas, ao passo que as igrejas e os salões de conferências se enchiam até a porta. (15)

7. Outras apreciações sobre Calvino

Teria sido impossível a Calvino, dada a sua ener­gia, as suas convicções e o ambiente em que vivia es­capar à controvérsia. Como polemista era mais argumentativo e menos violento do que Lutero, ainda que, às vezes, perdesse a paciência e fosse violentíssimo no seu modo de atacar os inimigos. Assim como Calvino foi o maior teólogo sistemático e o maior estadista ecle­siástico do seu tempo, foi também o maior polemista.
Os conflitos teológicos de Calvino foram com os livres-pensadores, os anabatistas e os socínios. Ainda que dissidente, como Lutero, Calvino, à semelhança do reformador alemão, não tolerava a dissidência, isto é, aqueles que não concordassem com ele.

A controvérsia mais notável foi a que manteve com Miguel Serveto. Serveto era espanhol e um dos homens mais bem educados e eruditos do seu tempo, não me­nos convencido quanto às suas idéias religiosas do que Calvino, e ainda mais violento na polêmica. Ele, de 1534 em diante, contrariou sensivelmente a marcha das coisas em Genebra. A propagação das suas idéias anti-trinitarianas e contra o batismo infantil, dirigidas abertamente contra o ensino fundamental de Calvino, exasperou de tal maneira o reformador que este, por fim, consentiu se de fato recomendou, a condenação do oponente.

Foi o zelo fanático com que ele (Serveto) insistiu nos seus dogmas, como sendo exclusivamente cristãos e denunciou os dos seus oponentes como absurdos e destrutivos ao Cristianismo, que o levou a ser considerado um herege petulante e digno das cha­mas. (16)

Aos 27 de outubro de 1553, recusando-se, obstina­damente, retratar-se dos seus ensinos, Serveto foi quei­mado junto com os seus livros, e isto por ordem de um conselho reformado. "É a página mais negra na his­tória do Protestantismo." (17)

Calvino foi exímio pregador. Durante vinte e cin­co anos pregou do púlpito em Genebra, às vezes dia­riamente, outras, duas vezes por dia, e o eco da sua voz ressoava através de toda a Europa.

Foi, porém, no hábito e na habilidade de escrever cartas em que mais se excedeu aos outros reformado­res. Foi, de fato, o epistológrafo por excelência da Re­forma. Cerca de quatro mil cartas do seu próprio pu­nho têm chegado até os nossos dias. Algumas destas cartas são praticamente tratados teológicos, outras de caráter íntimo, nas quais ele revela a profundeza da sua alma, a riqueza da sua experiência espiritual e a largura das suas simpatias e amizades. Nas suas car­tas repreende os governadores, instrui os legisladores e fortifica e conforta os "santos." Nenhum pastor per­plexo, ainda que dos mais humildes, deixava de rece­ber dele encorajamento e conforto. Se Calvino não tivesse feito outra coisa na vida senão escrever cartas, ainda assim ocuparia lugar saliente entre os cristãos eminentes e posição de destaque entre os líderes evan­gélicos de todos os tempos.

8. A Morte de Calvino

Calvino, que nunca fora robusto, morreu moço. Pregou seu último sermão no dia 6 de fevereiro de 1584 e faleceu a 27 de maio do mesmo ano, contando apenas cinqüenta e cinco anos incompletos. A mara­vilha, porém, está em que, não obstante as fraquezas físicas, as lutas incessantes, e o trabalho excessivo, ele pudesse ter resistido tanto tempo. Somente a vida mo­derada e a força de vontade extraordinária podiam le­vá-lo tão longe.

Cônscio de que a morte se aproximava, chamou para junto de si os magistrados e os pastores da cidade e lhes fez prometer que sobre sua sepultura não seria erguido qualquer monumento, tanto que hoje se desco­nhece o local do seu túmulo. Nesta simplicidade, ca­racterística da sua vida toda, rendeu o espírito a Deus um dos maiores benfeitores da humanidade.

Notas:

(1) Oscar L. Joseph — The Histórical, Development of Chris* tianity, pg. 93.
(2) Linclsay — A Reforma, trad. de Canuto, pg. 68
(3) Idem, pg. 69.
(4) O nome Calvino usado pelo reformador era a forma de­rivada do latim Calvinus.
(5) Lib. II, C. Citação de Newman.
(6) Idem.
(7) Citação de Lessa — Calvino, pg. 49.
(8) Citação de Lessa — Calvino, pg. 51.
(9) M. Buisson, citação de Warfield — Calvin and Calvinism. Pg. 8.
(10) Idem.
(11) Hurst — Historia Compendiada de Ia Iglesia Cristiana, Versão de Primitivo A. Rodrigues, p. 310.
(12) Walker — História da Igreja Cristã, trad. de Lee, Vol. II, pg. 93.
(13) Lessa — Calvino, pg. 78.
(14) Lyndsay — A, Reforma, trad. de Canuto, pg. 74.
(15) Lindsay — A Reforma, trad. de Canuto, páginas 76-77.
(16) Newman — A Manual of Church History. Vol. II. pg. 195.
(17) Qualben — .4 A History of the Chrislian Church, pg. 261.

Do Livro: O CRISTIANISMO ATRAVÉS DOS SÉCULOS
Digitado por: Daniel L. Petersen

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